Como é ser mulher na ciência? Duas gerações de cientistas da L’Oréal Brasil compartilham suas trajetórias
Para o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, conheça a história de duas cientistas que estão inovando através da beleza
As mulheres e meninas estão moldando o futuro da ciência e transformando o mundo ao nosso redor. Elas quebram barreiras, fazem novas descobertas, facilitam nosso dia a dia e criam soluções para os problemas mais complexos da nossa sociedade.
Apesar dos avanços e conquistas ao longo dos anos, as mulheres ainda enfrentam vários desafios na carreira científica. O maior deles: a baixa representatividade. Dados da UNESCO mostram que as mulheres representam apenas 33,3% dos pesquisadores a nível mundial.
O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, foi criado pela UNESCO e pela ONU-Mulheres, em colaboração com instituições e parceiros da sociedade civil que incentivam a participação e o acesso de mais mulheres e meninas na ciência.
Quando damos a elas mais oportunidades para brilhar na ciência, não só estamos ampliando a capacidade para resolução de problemas, trazendo novas perspectivas, mas também inspirando a próxima geração de cientistas inovadoras.
Gizele Freitas e Thaina Peixoto, Analistas de Laboratório da L’Oréal Brasil, que hoje transforam a indústria da Beleza, trazem o olhar de duas gerações diferentes sobre este assunto.
Há 14 anos, Gizele iniciava sua trajetória como cientista na Universidade Federal de Sergipe. Sua experiência em laboratório começou cedo, com uma bolsa de iniciação científica na faculdade para o estudo de polímeros, que acabou também sendo tema do seu mestrado três anos depois. Mas a sua jornada acadêmica não parou por aí. Tiveram mais bolsas de estudos, doutorado e temporadas de experiência em diferentes laboratórios do País.
Foi a vontade de ter uma vivência coorporativa que fez com que ela, em 2020, participasse de um processo seletivo na L’Oréal Brasil e iniciasse uma jornada cientifica em busca de novos desafios. Mulher, mãe e cientista, hoje ela trabalha desenvolvendo novas tecnologias para cuidados com o cabelo.
Quais são seus maiores desafios enquanto cientista e mãe?
Gisele Freitas: Navegar pela ciência e maternidade não é fácil. Essas duas esferas, visivelmente separadas, na verdade, são muito próximas. Não apenas porque o tempo dedicado ao trabalho pode consumir o tempo que se gostaria de destinar aos cuidados com a educação do meu filho, mas porque sei que o exemplo enquanto profissional também criará valores para ele no futuro.
Quero ensinar ao Benjamin que: para que a jornada das futuras mulheres – sendo ela uma cientista, ou não - seja, mais leve e próspera, elas necessitarão estar cercadas de pessoas que tenham pensamentos de igualdade de gênero, e que entendam o verdadeiro significado de RESPEITO, EMPATIA e COLABORAÇÃO.
Como as histórias de sucesso das mulheres cientistas podem ser usadas para inspirar a próxima geração de meninas a seguir uma carreira na ciência?
GF: Infelizmente, temos uma cultura que ainda persiste em não incentivar a mulher a ocupar espaços científicos. Histórias como a de Marie Curie (Nobel em química, 1911), Katherine Johnson (matemática que contribuiu nos cálculos para o desenvolvimento da computação na NASA), Lelia Gonzalez (professora, filosofa e antropóloga brasileira que foi pioneira nos estudos sobre Cultura Negra no Brasil), nos mostra que somos capazes de participar ativamente de qualquer atividade, independente da área.
Então, ter referências é fundamental. Além das já citadas acima, na minha jornada, a minha primeira orientadora, professora dra. Giselia Cardoso, foi uma grande inspiração. Foi com ela que aprendi/iniciei minha vida de cientista.
Qual mensagem você daria para as meninas que estão considerando uma carreira científica?
GF: “Não acho que tenhamos outra alternativa senão permanecer otimistas. O otimismo é uma necessidade absoluta”, Angela Davis. A jornada é longa e árdua, mas no final tudo valerá a pena. Sejam otimistas. Lutem pelos seus direitos e pelos seus sonhos.
Apaixonada desde sempre por produtos de beleza, ao longo dos anos, esse sentimento só aumentou para Thaina e a fez ter certeza de que um dia trabalharia com cosméticos. Já o interesse pela ciência veio desde a escola e, por isso, ela uniu as duas paixões e decidiu fazer faculdade em Química.
Logo no meu primeiro ano da graduação, ela assistiu a uma palestra da L'Oréal e conheceu mais sobre as marcas que estavam com ela em todos os momentos. E assim que surgiu a oportunidade para participar do programa da Companhia, Cientistas do Futuro, ela viu a chance de realizar seu sonho. Foi através dele que ela teve o primeiro contato com a empresa e, depois de uma semana intensa de aprendizados, cases e entrevistas, Thaina foi uma das selecionadas para o estágio na área de desenvolvimento em proteção solar, onde está até hoje.
Como você acredita que a ciência pode mudar o mundo para melhor? Qual a importância da diversidade, da equidade e da inclusão nesse sentido?
Thaina Peixoto: A ciência está em todos os lugares, basta prestar atenção. Ela salva, ajuda e melhora a qualidade de vida. Em cosméticos, ao contrário de que muitos pensam, tem muitos estudos e seriedade, trazendo empoderamento feminino, confiança, possibilidade de expressão, aumento da autoestima entre muitas outras coisas, como o acolhimento. Temos que pensar nos produtos para todos e a ciência que torna tudo isso possível. Cada vez mais buscamos mais conhecimento, aprofundamento para termos produtos mais diversos em todos os sentidos.
Qual foi sua inspiração para seguir a carreira científica?
TP: A minha irmã e meu irmão, ambos seguiram em carreiras das áreas das ciências. Mas para a área que eu sempre quis, infelizmente, eu não tinha nenhuma inspiração em si. Isso porque antes da faculdade eu não conhecia mulheres que eram da área e não vim de uma família que todos tiveram oportunidade de fazer uma faculdade. As minhas maiores inspirações na área começaram a vir realmente durante a minha faculdade e meu contato no trabalho, onde eu pude conhecer mulheres incríveis, muito inteligentes, e espero um dia poder ser uma inspiração para outras mulheres assim como elas são para mim!
Olhando para o futuro, como as cientistas podem conquistar mais espaço e reconhecimento pelo público em geral e pela comunidade acadêmica?
TP: Nós mulheres temos muita capacidade, mas, infelizmente, na maioria das vezes pouco reconhecimento. Acho muito importante que as empresas e instituições, cada vezes mais, façam ações para mostrar a nossos trabalhos e projetos. Além de incentivar desde cedo as meninas que elas podem ser o que quiserem. Tirando o estereótipo que cientista é sempre homem, mais velho, "aparência mais nerd", sério. Todas nós podemos ser cientistas, independentemente de como somos, nos vestimos, porque somos plurais e podemos ser o que quisermos ser!