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L’Oréal Brasil, UNESCO e Academia Brasileira de Ciências apresentam ganhadoras do programa Para Mulheres na Ciência 2022

Premiação contempla pesquisadoras com bolsas de até R$ 50 mil para apoiar a continuidade de suas pesquisas

Efeitos das mudanças climáticas na Amazônia, uso de computação para avaliar mortalidade infantil e física aplicada à neurociência são alguns dos temas das pesquisas em desenvolvimento pelas ganhadoras da 17ª edição do programa Para Mulheres na Ciência. A cada ano, a L’Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências, seleciona sete mulheres cientistas com o objetivo de promover e reconhecer a participação feminina na ciência, favorecendo o equilíbrio dos gêneros no cenário brasileiro. As ganhadoras foram apresentadas nesta segunda-feira (14) e serão contempladas com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil cada, para dar prosseguimento aos seus estudos.

O prêmio seleciona pesquisas de estudiosas das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática. Confira quem foram as ganhadoras deste ano:

Ciências da Vida

Na primeira categoria, foram selecionadas quatro ganhadoras, entre elas a pesquisadora da Universidade de Pernambuco, Patrícia Takako Endo. Seu projeto envolve o uso de técnicas de inteligência artificial para analisar dados provenientes de investigações detalhadas de milhares de casos de morte fetal. O principal objetivo é criar modelos preditivos que possam auxiliar os médicos e outros profissionais de saúde no atendimento às gestantes.

Endereçando um dos maiores desafios da medicina, os cânceres, a farmacêutica-bioquímica Tathiane Malta, pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), investiga um tipo específico da doença: os gliomas, tumores que se desenvolvem nas células do sistema nervoso conhecidas como glia. Trabalhando na área de medicina de precisão, que busca avaliar individualmente os casos de cada paciente de modo a desenhar tratamentos específicos e eficazes, ela avalia o DNA e o RNA de células tumorais e as compara entre si e com células saudáveis.

Também em Ciências da Vida, está a farmacêutica Gisely Cardoso de Melo, pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (AM). Seu projeto, que pretende ajudar a população da região amazônica, investiga duas hipóteses para a recorrência da malária causada pelo agente Plasmodium vivax. O primeiro deles é o polimorfismo, ou variação, do gene CYP2D6. O segundo fator é a não adesão dos pacientes, que deixam de tomar as medicações tal qual prescritas pelo médico. As recorrências da malária impactam não apenas a saúde individual, mas também a saúde pública, pois dificultam o controle e a eliminação da doença e aumentam os gastos com atendimento em saúde.

Ainda na Amazônia, a bióloga Grazielle Sales Teodoro, pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA), estuda o efeito das mudanças climáticas nos rios da região. Por conta do aumento dos níveis dos mares, já é possível observar maior salinidade dos solos das regiões de florestas inundáveis e das áreas de manguezal. Seu projeto pretende investigar o impacto dessa mudança sobre as plantas e os ecossistemas amazônicos.

Ciências Químicas

Já a química Giovana Anceski Bataglion enxerga em sua pesquisa mais do que a beleza do encontro entre as águas pretas do Rio Negro e as águas brancas e barrentas do Rio Solimões. Para ela, trata-se da manifestação visível das diferenças na composição e nas características das águas que correm nos dois rios. Por isso, estuda a variedade de moléculas ali presentes      e como elas são afetadas por diferentes fatores, incluindo a temperatura e a concentração de dióxido de carbono no ambiente. Os resultados desse trabalho podem contribuir para o entendimento de como os rios da Amazônia serão afetados, ao longo dos anos, pelas mudanças climáticas.

Ciências Físicas

Desvendar a atividade cerebral é o foco do projeto da física Fernanda Selingardi Matias, pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas. Ela utiliza em sua pesquisa dados disponibilizados em uma base aberta e obtidos por meio da eletroencefalografia intracraniana, que registra a atividade elétrica que ocorre no interior do cérebro. Além de possibilitar um melhor entendimento sobre como pensamos e aprendemos, esses estudos podem, no futuro, auxiliar o diagnóstico e o tratamento de distúrbios do sono e outros problemas neurológicos.

Matemática

Por fim, a vencedora em Matemática foi a cientista de dados e professora da Universidade Federal de São Carlos, Daiane Aparecida Zuanetti. Seu projeto busca propor métodos estatísticos eficazes e eficientes para descrever tendências e fazer previsões a partir de dados genéticos, analisando sequências de RNA encontradas em células únicas, isto é, analisadas individualmente, e não em massa. A ideia é disponibilizar essas novas metodologias computacionais publicamente, para que a comunidade científica tenha acesso a elas e possa aplicá-las não apenas na área da saúde humana, mas também em pesquisas sobre saúde animal e melhoramento genético de plantas para a agricultura.

Ao longo destes 17 anos, o programa Para Mulheres na Ciência já reconheceu e incentivou 117 cientistas brasileiras, premiando a relevância dos seus trabalhos, com a distribuição mais de R$ 4,7 milhões em bolsas-auxílio. As ganhadoras receberão o prêmio em cerimônia que será realizada na sede da L’Oréal Brasil, no Rio de Janeiro, no dia 30 de novembro.