Empoderamento feminino: como os vieses inconscientes afetam a carreira das mulheres
Sabrina Zanker, Diretora da L’Oréal Luxo no Brasil, conta como a desconstrução dos vieses inconscientes pode ajudar a promover a igualdade de gênero
Mesmo com todas as conquistas nas últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam barreiras invisíveis que dificultam seu crescimento profissional e pessoal. Isso inclui preconceitos que nem sempre são percebidos, tornando o empoderamento feminino um desafio ainda maior. No seu dia a dia, Sabrina Zanker, Diretora Geral da L’Oréal Luxo no Brasil, tem desconstruído esses vieses inconscientes e inspirado outras mulheres a alcançarem seu potencial máximo.
Formada em Publicidade, com MBA em Finanças, além de especialização em psicanálise e comportamento humano, Sabrina começou sua carreira como estagiária na L’Oréal Brasil. Depois, trabalhou em algumas empresas de bens de consumo e alimentos e bebidas até retornar à Companhia, em 2020, para liderar a L’Oréal Luxo.
Seja dentro ou fora do mundo corporativo, Sabrina Zanker busca compartilhar conhecimento, experiências e aprender com outras mulheres. Para ela, o empoderamento feminino é uma causa de vida. Além de ser sponsor da Gaia, Rede de Empoderamento Feminino da L’Oréal Brasil, formada por mais de 120 colaboradoras, a diretora mentora cerca de 10 mulheres. Através dessas redes de apoio, ela ajuda a superar desafios profissionais e pessoais, além de incentivar o crescimento e desenvolvimento dessas mulheres.
“Eu acredito muito que, se você não é parte da solução, você é parte do problema. Então, eu acho que a gente tem que estar aqui e usar a nossa posição para fazer parte dessa transformação. O meu sonho é que a Gaia seja desnecessária. Eu espero que daqui a alguns anos, a gente não precise ter uma rede de empoderamento feminino, porque a gente vai naturalizar as mulheres nos lugares de poder”, afirmou Sabrina Zanker.
Os obstáculos invisíveis e o fenômeno da impostora
Mesmo contando com excelente preparação técnica e qualificações profissionais, muitas mulheres sofrem com a falta de confiança em si mesmas e nas suas habilidades. Essas questões de autoconfiança podem estar relacionadas a vieses inconscientes criados pela sociedade que limitam as mulheres.
Os vieses inconscientes são ideias ou preconceitos incorporados sem perceber, influenciados por experiências, crenças e cultura. Eles podem, por exemplo, afetar a percepção sobre as habilidades e capacidades das mulheres, o que pode levar a subestimação do seu potencial, além de limitar as oportunidades de ascensão em suas carreiras.
Durante as trocas com mentoradas que estão assumindo cargos de liderança, Sabrina observa uma consequência direta desses obstáculos invisíveis que ditam o que as mulheres podem ou não fazer.
"Eu atrelo muito isso a forma como as mulheres são criadas. Elas são ensinadas desde cedo a serem submissas, dóceis, a não se aventurarem. E isso vai criando esses estigmas. Eu vejo que existe um reflexo enorme disso no mercado de trabalho. A mulher sempre tem um receio de tentar coisas novas. E, em toda a mentoria que eu faço, eu vejo que existe esse reflexo das mulheres de não se jogarem, um fenômeno da impostora”, explicou.
Apesar de ter tido uma criação livre dessas imposições, Sabrina conta que também enfrentou os mesmos questionamentos logo quando assumiu um seu primeiro cargo como líder.
“Na primeira vez que eu fui promovida diretora, eu era muito nova, eu tinha 29 anos. E a minha equipe era toda mais velha do que eu. Apesar de eu ter tido uma criação muito livre, ainda assim, eu já senti isso, porque a sociedade em que estamos inseridas é a mesma. Eu me questionei bastante se eu estava preparada, se eu ia dar conta e não é fácil sair desse lugar”, contou.
Agir para transformar
Hoje, seu maior desafio enquanto mulher é vencer esses preconceitos e quebrar estereótipos de gênero. Para ela, reconhecer esses obstáculos invisíveis é o primeiro passo para transformá-los. Seja na criação dos seus filhos, combatendo preconceitos no dia a dia e atuando em transformações reais na vida de outras mulheres, Sabrina busca descontruir essas percepções.
“Eu acho que o mais importante de tudo, é onde você estiver ser vocal e letrar as pessoas. Se alguém falar uma frase inadequada tem que corrigir, não pode se omitir, independentemente do cargo. Isso é uma coisa que eu me comprometo todos os dias a fazer”, comentou Sabrina.