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Liderança e autenticidade: conheça a trajetória inspiradora da Diretora Geral da L’Oréal Produtos Profissionais no Brasil

Joana Fleury, Diretora Geral da L’Oréal Produtos Profissionais, fala sobre como a autenticidade foi fundamental para a construção da sua carreira como líder

“Assuma o seu melhor, aquilo que você é bom, o que te faz feliz e aposte nisso!”. Há 15 anos em cargos de liderança, mãe de três filhos e a primeira mulher brasileira na direção da L’Oréal Produtos Profissionais no Brasil, Joana Fleury encontrou seu próprio caminho como líder. Reconhecer a sua autenticidade e vulnerabilidade foi um dos passos mais importantes nesse processo. Em um lugar distante das referências tradicionais de lideranças corporativas, a Diretora Geral contou como conseguiu aceitar suas potencialidades e limitações, servindo de inspiração para os seus times.

L’ORÉAL BRASIL: COMO VOCÊ ACHA QUE TEM CONSEGUIDO CONTRUIR UMA LIDERANÇA MAIS ACESSÍVEL?

JOANA FLEURY: Eu cresci em Jacarepaguá, um bairro de classe média do Rio de Janeiro. Na minha família, não tinha nenhum executivo, mas eu sempre tive um sonho de ter uma carreira corporativa. Há dez anos, quando me falaram que eu chegaria em uma posição de direção geral, eu disse: “eu não quero!”. Essa foi a minha resposta. Não era porque eu não gostasse da ideia de liderar uma equipe, mas porque eu realmente achava que esse era um lugar distante. As referências que eu tinha, independentemente de terem sido boas ou ruins, eram referências solitárias, em que a pessoa tinha que vestir um personagem, porque a posição exigia. E não é sobre isso! Você não precisa deixar de ser você.

Eu sou uma pessoa informal, falo muito, choro com muita facilidade e não gosto de usar roupas clássicas. No meu caso, eu não vou deixar de ser informal porque eu estou nesse cargo. Acho que um desafio que eu tomo para mim é de tornar isso possível. Eu acho que para muitos jovens, principalmente, para pessoas que vieram de lugares menos privilegiados, o medo vem antes do chegar lá. Tudo bem você não querer ser essa pessoa e querer fazer de outro jeito. Para mim, só tinha uma forma de liderar e, durante muito tempo, eu tentei me encaixar no padrão.

LB: A PARTIR DO MOMENTO EM QUE VOCÊ ACEITOU QUEM VOCÊ ERA, VOCÊ SENTIU DIFICULDADE PARA LIDERAR?

JF: Para liderar ficou muito mais fácil, porque, assim, eu consegui ser mais verdadeira. Eu podia conversar com as pessoas do jeito que eu sei conversar, do jeito que eu gosto de conversar, sem seguir todas as formalidades. Foi quando eu comecei a receber mais feedbacks positivos sobre reuniões e trocas, das pessoas dizendo que se inspiravam, que se conectavam. Coisas que, antes, eu não recebia tanto, porque eu tentava seguir um padrão.

LB: O QUE MAIS TE AJUDOU NESSE PROCESSO?

JF: No começo, foi terapia mesmo. Foi na época em que minha filha nasceu, quando eu ainda morava em São Paulo, que eu comecei a questionar tudo. Foi através da terapia que eu descobri que aquela menina de Jacarepaguá, que nunca tinha viajado para fora, não falava inglês, de repente estava em São Paulo, em uma selva de pedra, querendo fingir que nasceu ali. Então, o trabalho da terapia me ajudou muito a resgatar minhas raízes, quem eu sou de verdade, minha essência, inclusive a tomar a decisão de voltar para o Rio de Janeiro, porque eu precisava me reconectar com quem eu era.

Depois, eu também tive três referências na minha vida corporativa que me ajudaram nesse meu processo de reconhecimento da minha liderança, de uma forma não padronizada, mais humana. A terceira ajuda veio de uma coach que eu conheci por causa de um projeto da L’Oréal. Ela me ajudou, talvez, no último passo, me empoderando. Foi ela que conseguiu com que eu fizesse essa virada da Joana que sabe quem ela é para a Joana que assume quem ela quer ser como líder.

LB: COMO VOCÊ ACHA QUE ISSO TE AJUDOU A CHEGAR AONDE VOCÊ CHEGOU?

JF: O que faz a gente chegar mais longe é o trabalho, a entrega. No fim do dia, o “ser você” é a forma como você vai caminhar nessa jornada. Eu diria que o que me fez chegar até aqui foi o que eu entreguei. Mas, para mim, o “como” me fez chegar aqui de uma maneira mais genuína, talvez com mais torcida, das pessoas saberem que eu passei por esse processo.

LB: COM O QUE VOCÊ APRENDEU AO LONGO DESSE CAMINHO, QUAL LEGADO VOCÊ GOSTARIA DE PASSAR PARA OS SEUS FILHOS?

JF: Dentro do que eu posso mudar, minha casa, o lugar que eu trabalho, meu ambiente familiar, sem dúvida, eu poder ser quem eu sou é um legado que eu quero passar para os meus filhos, que eles não precisem nem discutir sobre isso. Eu tenho três filhos. Os três são absolutamente diferentes. Mas eu acho que o que a maternidade mais me trouxe foi a ponderação do que é importante realmente. Como eu vou ser uma mãe por inteiro? Como eu vou passar para os meus filhos um exemplo se eu não estou bem comigo, se eu não sei quem eu sou? Eu ter tido dois filhos na L’Oréal e a empresa ter tratado isso de uma maneira tão positiva, também foi uma reafirmação disso tudo!

LB: QUAL MENSAGEM VOCÊ PASSARIA PARA OUTRAS PESSOAS QUE ESTÃO NESSE PROCESSO?

JF: Assuma o seu melhor, aquilo que você é bom, o que te faz feliz e aposte nisso. Sabendo que você não vai agradar tudo mundo, que você não vai ser unanimidade, que você vai ter seus pontos fracos. Foque no que você tem, não no que falta.