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No dia 15 de maio, na sede da L’Oréal Brasil, aconteceu o I Workshop Mulheres na Ciência e Maternidade. Organizado pela L’Oréal em parceria com o grupo Parent in Science, o evento reúne pesquisadores de diversas universidades para estudar e discutir a participação de mães na pesquisa científica. A L’Oréal é uma grande incentivadora das mulheres no meio científico e todos os anos premia 7 pesquisadoras pelo programa Para Mulheres na Ciência, junto com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências. O workshop discutiu temas como a maternidade no meio científico e a participação de mulheres negras na ciência. O objetivo do evento foi trazer para o Rio de Janeiro as discussões do II Simpósio Brasileiro sobre Maternidade e Ciência que aconteceu em Porto Alegre em 2018.
“O Simpósio foi criado ano passado pelo grupo Parent in Science e esse ano decidimos incluir o Workshop na programação. O tema de maternidade na ciência tem tudo a ver com o programa Para Mulheres na Ciência e está muito presente nos projetos das vencedoras do prêmio, que mostram como a maternidade impacta na carreira delas. Então, para nós, faz todo sentido participar da discussão de temas tão relevantes”, explicou Danielle Nunes, Gerente de Relações com Mídia & Influenciadores Corporate/Marcas e responsável pelo programa Para Mulheres na Ciência no Brasil.
Workshop levantou discussões sobre maternidade e exclusão de mulheres negras na Ciência
O evento trouxe temas como a influência da maternidade na produção científica feminina. Rossana Soletti, coordenadora do Parent in Science e pesquisadora da UFRGS, falou sobre a forma como a maternidade afeta tanto a produção como a evolução de carreira das mulheres no meio científico. “O que a gente tem observado é a queda na produtividade, não apenas no tempo de pausa, mas no período seguinte a isso. Nós, mães, temos um período mais reduzido para fazer as atividades e não conseguimos levar tanto trabalho para casa. E, se nós diminuímos a produtividade, também diminui o financiamento, a participação em programas de pós-graduação e em congressos”, explicou.
Além da maternidade, a participação de mulheres negras na ciência também foi pauta do workshop. Katemari Rosa, pesquisadora do Instituto de Física da UFBA, falou sobre a exclusão de pessoas negras, em especial as mulheres, de locais de poder - como empresas, universidades e centros de pesquisa. Para ela, precisa existir um esforço social e individual para mudar esse cenário: “é importante haver políticas públicas, como ações afirmativas, para a inclusão de mulheres negras no meio acadêmico. Além disso, precisa existir uma conscientização pessoal de compreender como cada um de nós é um agente de exclusão nesse processo. Precisamos assumir a responsabilidade que temos em manter um sistema que exclui a mulher negra de espaços de poder, como a ciência”.
O Simpósio Brasileiro sobre Maternidade e Ciência já conseguiu mudanças no meio acadêmico
Após a realização do I Simpósio, em 2018, o movimento já conquistou vitórias para as mães no meio acadêmico. A plataforma Lattes, por exemplo, passou a incluir um campo para adicionar o ano em que os filhos nasceram (ou foram adotados) e o período que a licença maternidade durou. Para o Parent in Science, isso ajuda a justificar gaps de produção acadêmica. Além disso, concursos em universidades e organizações científicas pelo país - como Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - criaram mecanismos de pontuação especial para candidatos que tenham filhos pequenos.
Gisleine Sacramento, bióloga e mestranda em Botânica na USP, participou do workshop e acredita que os homens precisam se engajar mais no assunto: “Eu acho que esse tipo de evento é muito importante, principalmente por abranger dois temas tão relevantes. Acho que seria legal que mais homens participassem, porque não adianta nós mulheres discutirmos só entre nós, isso precisa incluí-los também”, contou.