Mães na Ciência: como manter uma carreira acadêmica em equilíbrio com a maternidade?
Ana Cecília Rizzatti, Professora da Universidade Federal da Bahia e laureada do programa Para Mulheres na Ciência 2021, conta sua experiência da maternidade como mulher cientista
Participante da 16ª edição do “Para Mulheres na Ciência” - programa da L’Oréal parceria com a UNESCO e Academia Brasileira de Ciência que premia todos os anos mulheres cientistas com uma bolsa para que continuem a desenvolver suas pesquisas - Ana Cecília Rizzatti é pesquisadora e professora da Universidade Federal na Bahia e investiga a presença de poluentes na Antártica.
E com uma vida dedicada às pesquisas e descobertas, Ana Cecília sente que o meio acadêmico, área ainda pouco dominada por mulheres, vem mudando a maneira de enxergar cientistas que desejam ser mais e conciliar a maternidade com o os estudos científicos. A Professora falou sobre rede de apoio, a importância de discutir pautas e sua própria experiência como mãe do xxxx, de 1 ano e 6 meses e como dar à luz exigiu dividir melhor o tempo para aproveitar da melhor maneira o tempo com seu filho sem deixar de lado a vida acadêmica.
“Hoje entendemos melhor nosso posicionamento. Os direitos de uma profissional mãe mudaram. Há mais programas de incentivo como o próprio “For woman in Science” e o “Projeto Serrapilheira”, que consideram a maternidade nos editais. Essas e outras iniciativas têm mostrado que, hoje, a maternidade na academia é mais leve que, por exemplo, nos anos 80. Entretanto, ainda existe muita coisa para mudar. Sinto, às vezes, falta de apoio e de acolhimento.”, afirma Ana Cecília.
É preciso normalizar o fato de que haverá mães na academia
Durante a pandemia, Ana Cecília teve que realizar minhas atividades dentro de casa e acabou sendo mãe e pesquisadora em tempo integral, de forma conjuntamente. Apesar do apoio de colegas e da compreensão com a situação, contando com a ajuda, a professora diz que o próprio sistema não está preparado para as mulheres que têm que se dividir nesta dupla jornada.
“Sinto que mudou, mas ainda há dificuldades em inserir o assunto no meio científico. Antigamente, havia um maior preconceito e um menor entendimento das necessidades e dificuldades que uma gestante e mãe passam. Conheço histórias de mulheres que não conseguiram aprovação em concursos, pois diminuíram a produtividade quando tiveram seus filhos. Entretanto, também conheço histórias mais atuais de pós-graduandas que foram aos prantos contar que estavam grávidas aos seus orientadores, pois achavam que iam ser colocadas para fora dos projetos. Apesar de elas terem sido abraçadas pelos orientadores, que demonstraram “estar tudo bem”, este medo das alunas é indicativo que ainda há um imenso tabu em ser mãe na carreira científica.”
Ciência com mais representatividade feminina para uma maternidade com mais apoio
Para Ana Cecília, estar ter contato com o apoio da família, do marido e de outras mulheres cientistas, foi essencial em momentos de cansaço sendo mãe de primeira viagem e tendo que dar conta da sua rotina de pesquisa e estudo. Para ela, ainda tem muito o que se debater, aprender e mudar sobre a questão do acolhimento de mães na academia e aumentar a representatividade das mulheres no segmento científico, independentemente de escolherem serem mães ou não.
“Eu sou paulista e moro na Bahia. Minha família inteira, incluindo a de meu marido, está em São Paulo. Em Salvador, sou somente eu, ele e meu filho. Então, minha rede de apoio familiar é bastante limitada. Apesar de meus pais e sogros estarem sempre ajudando, esse apoio acaba ficando limitado por causa da distância. Mesmo assim, tive muita ajuda deles, sempre que possível. Também tive o apoio de uma amiga que trabalha comigo na Universidade. Isso foi muito importante para mim, principalmente no início da maternidade. Para mim, foi uma prova que dentro da academia a gente tem que se apoiar e ajudar sempre umas às outras.”, afirma.
Seja sim mãe, mas também seja apoio para outras mulheres com o mesmo sonho!
“Hoje, meu filho tem um ano e meio, e percebo que tudo isso aconteceu. Várias fases passaram e gostaria de ter aproveitado mais. Para aquelas que desejam ter filhos, É SIM trabalhoso. Mas é muito mais gratificante. Para aquelas que são mães, procurem apoio, posicionem-se e lembrem, as fases de seu filho vão passar. Então, aproveitem! Se organizem para separar a vida pessoal da profissional, arranjando tempo para você, sua família e sua vida acadêmica. Procurem redes de apoio e sejam gratas àquelas que vocês já têm. Além disso, muitas mulheres já são mães e cientistas. E, quanto mais mulheres estiverem engajadas na mesma proposta, melhor será para o grupo como um todo.”, completa.
E com uma vida dedicada às pesquisas e descobertas, Ana Cecília sente que o meio acadêmico, área ainda pouco dominada por mulheres, vem mudando a maneira de enxergar cientistas que desejam ser mais e conciliar a maternidade com o os estudos científicos. A Professora falou sobre rede de apoio, a importância de discutir pautas e sua própria experiência como mãe do xxxx, de 1 ano e 6 meses e como dar à luz exigiu dividir melhor o tempo para aproveitar da melhor maneira o tempo com seu filho sem deixar de lado a vida acadêmica.
“Hoje entendemos melhor nosso posicionamento. Os direitos de uma profissional mãe mudaram. Há mais programas de incentivo como o próprio “For woman in Science” e o “Projeto Serrapilheira”, que consideram a maternidade nos editais. Essas e outras iniciativas têm mostrado que, hoje, a maternidade na academia é mais leve que, por exemplo, nos anos 80. Entretanto, ainda existe muita coisa para mudar. Sinto, às vezes, falta de apoio e de acolhimento.”, afirma Ana Cecília.
É preciso normalizar o fato de que haverá mães na academia
Durante a pandemia, Ana Cecília teve que realizar minhas atividades dentro de casa e acabou sendo mãe e pesquisadora em tempo integral, de forma conjuntamente. Apesar do apoio de colegas e da compreensão com a situação, contando com a ajuda, a professora diz que o próprio sistema não está preparado para as mulheres que têm que se dividir nesta dupla jornada.
“Sinto que mudou, mas ainda há dificuldades em inserir o assunto no meio científico. Antigamente, havia um maior preconceito e um menor entendimento das necessidades e dificuldades que uma gestante e mãe passam. Conheço histórias de mulheres que não conseguiram aprovação em concursos, pois diminuíram a produtividade quando tiveram seus filhos. Entretanto, também conheço histórias mais atuais de pós-graduandas que foram aos prantos contar que estavam grávidas aos seus orientadores, pois achavam que iam ser colocadas para fora dos projetos. Apesar de elas terem sido abraçadas pelos orientadores, que demonstraram “estar tudo bem”, este medo das alunas é indicativo que ainda há um imenso tabu em ser mãe na carreira científica.”
Ciência com mais representatividade feminina para uma maternidade com mais apoio
Para Ana Cecília, estar ter contato com o apoio da família, do marido e de outras mulheres cientistas, foi essencial em momentos de cansaço sendo mãe de primeira viagem e tendo que dar conta da sua rotina de pesquisa e estudo. Para ela, ainda tem muito o que se debater, aprender e mudar sobre a questão do acolhimento de mães na academia e aumentar a representatividade das mulheres no segmento científico, independentemente de escolherem serem mães ou não.
“Eu sou paulista e moro na Bahia. Minha família inteira, incluindo a de meu marido, está em São Paulo. Em Salvador, sou somente eu, ele e meu filho. Então, minha rede de apoio familiar é bastante limitada. Apesar de meus pais e sogros estarem sempre ajudando, esse apoio acaba ficando limitado por causa da distância. Mesmo assim, tive muita ajuda deles, sempre que possível. Também tive o apoio de uma amiga que trabalha comigo na Universidade. Isso foi muito importante para mim, principalmente no início da maternidade. Para mim, foi uma prova que dentro da academia a gente tem que se apoiar e ajudar sempre umas às outras.”, afirma.
Seja sim mãe, mas também seja apoio para outras mulheres com o mesmo sonho!
“Hoje, meu filho tem um ano e meio, e percebo que tudo isso aconteceu. Várias fases passaram e gostaria de ter aproveitado mais. Para aquelas que desejam ter filhos, É SIM trabalhoso. Mas é muito mais gratificante. Para aquelas que são mães, procurem apoio, posicionem-se e lembrem, as fases de seu filho vão passar. Então, aproveitem! Se organizem para separar a vida pessoal da profissional, arranjando tempo para você, sua família e sua vida acadêmica. Procurem redes de apoio e sejam gratas àquelas que vocês já têm. Além disso, muitas mulheres já são mães e cientistas. E, quanto mais mulheres estiverem engajadas na mesma proposta, melhor será para o grupo como um todo.”, completa.