Mês da Consciência Negra: 10 expressões racistas que não devem ser usadas
Confira alguns termos e expressões que contribuem para a discriminação e o preconceito contra pessoas negras, mas que ainda são comumente falados
Novembro é marcado pelo Dia Nacional da Consciência Negra (20), que reforça o combate a todas as formas de preconceito e discriminação étnico-racial. Um dos vestígios dessa discriminação está presente em palavras e expressões que estão naturalizadas no cotidiano e grande parte do imaginário popular. O uso de determinados termos de cunho racista, que associam pessoas negras a negatividade, ou que podem levar a essa conotação passaram a ser questionados e criticados.
Na L'Oréal, a diversidade e a representatividade são pautas centrais do negócio e é através da oferta de oportunidades, letramento e conscientização que a Companhia busca contribuir com a equidade racial e um ambiente de trabalho mais inclusivo.
A Rede de Afinidade de pessoas negras e aliadas da L'Oréal Brasil, a AfroSOU, tem um papel fundamental na promoção de uma educação antirracista dentro da Companhia. Por meio do pilar de Letramento Racial, a rede engaja a população interna, disponibiliza conteúdos e promove iniciativas periódicas como em rodas de conversa e nos encontros do grupo. A Rede também participou da criação do primeiro E-learning de Letramento Racial da L'Oréal Brasil, com o objetivo de fomentar cada vez mais esse pilar na Companhia.
Para levar a conscientização e trazer um olhar mais crítico e atento à forma como nos comunicamos, junto à AfroSOU, selecionamos 10 expressões racistas que não devem ser usadas:
"A coisa tá preta"
A expressão vincula "preta", ou algo "preto", a uma conotação negativa. Como se "coisas pretas" estivessem sempre vinculadas a dificuldades ou a situações difíceis, perigosas e desagradáveis.
"Cor do pecado"
Apesar de ser usada como elogio, a expressão, em uma perspectiva religiosa, associa pessoas melaninadas a ideia de pecado. Levando a sexualização dos corpos negros e indígenas, e vinculando essas pessoas aos estereótipos de "mulatas" (outro termo que deve ser deixado em desuso).
"Cabelo étnico"
A expressão é usada para se referir a cabelos crespos e cacheados de forma discriminatória. Estabelecendo um "distanciamento" e atribuindo um status de Outro, de diferente, como se fossem cabelos estranhos e exóticos. Além disso, pessoas de uma mesma etnia podem ter características físicas diversas, com texturas de cabelo variadas. Portanto, não há como existir um cabelo étnico.
"Mulata"
A origem da palavra está associada pejorativamente a "mula", o filhote do cruzamento de cavalos com jumentos. O termo é usado para se referir a mulheres descendem de duas etnias diferentes, normalmente uma branca e outra negra. Além de fazer referência ao animal, a expressão "mulata tipo exportação" também reforça a sexualização e a objetificação dessas mulheres.
"Não sou tuas negas"
A expressão, também carregada de machismo, relaciona a mulher negra como sendo "qualquer uma", alguém com quem tudo se podia fazer. Na época da escravidão, as mulheres negras escravizadas eram propriedade de homens brancos e frequentemente sofriam assédios e estupros.
"Denegrir"
A palavra, embora tenha como significado "tornar negro", é comumente usada como sinônimo de difamar, associando "negro" como algo depreciativo ou ofensivo.
"Samba do crioulo doido”
A expressão é usada para se referir a situações desordenadas, confusas e bagunçadas, reforçando mais uma vez estereótipos negativos a pessoas negras.
"Amanhã é dia de branco"
Comumente relacionada à segunda-feira, o início da semana e, por consequência, dia de trabalho. Ao associar a questões raciais, coloca em contestação a produtividade e disposição de corpos negros ao referenciar o exercício do trabalho às pessoas brancas.
"Inveja branca"
De maneira contrária aos outros termos, essa expressão usa o "branco" para tentar amenizar a mensagem e remeter a algo positivo, passando a ideia de uma "inveja do bem". Assim, reforça a associação do "preto" a atitudes e questões negativas.
Sobre a data:
No dia 20 de novembro, é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra e o dia de Zumbi dos Palmares, que relembra o primeiro ato à resistência negra, a favor da noção de liberdade conquistada, que aconteceu na noite desse mesmo dia no ano de 1971, em Porto Alegre. O ato valoriza "o herói Zumbi dos Palmares" uma das principais lideranças do Quilombo de Palmares e grande símbolo dos movimentos contra as forças coloniais, e que, seguindo estudos do Grupo Palmares, faleceu na data escolhida para o ato.