Nobel de Química 2020 vai para cientistas laureadas pelo Prêmio L'Oréal-UNESCO Para Mulheres na Ciência Internacional
Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna foram reconhecidas nas duas premiações pelo desenvolvimento de método de edição do genoma.
A francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer A. Doudna - ambas Laureadas pelo Prêmio L’Oréal-UNESCO Para Mulheres na Ciência Internacional em 2016 - entraram para a história ao se tornarem as duas primeiras mulheres a ganharem, juntas, o Prêmio Nobel de Química. A dupla foi reconhecida, nos dois prêmios, pelo desenvolvimento de um método revolucionário de edição do genoma, chamado de “Crispr/Cas9” ou “tesoura molecular”, capaz de modificar genes humanos.
"A Fondation L'Oréal dá as boas-vindas a esta decisão histórica e apresenta seus mais calorosos parabéns às Professoras Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna. Hoje, enfrentamos crises de saúde, sociais e econômicas sem precedentes: mais do que nunca, o mundo precisa da ciência, e a ciência precisa das mulheres”, disse Alexandra Palt, Vice-Presidente Executiva da Fondation L'Oréal.
Inspirar meninas e mulheres na ciência é um dos desejos de Emmanuelle após ganhar o prêmio Nobel
Logo após a premiação, Emmanuelle Charpentier declarou que espera inspirar jovens cientistas a acreditarem que lugar de mulher também é na ciência. "Eu gostaria de passar uma mensagem positiva a meninas que gostariam de seguir o caminho da ciência. Acho que nós mostramos a elas que uma mulher pode ter impacto na ciência que elas estão fazendo. Espero que Jennifer Doudna e eu possamos passar uma mensagem forte às meninas", disse à imprensa.
Em todo o mundo, as mulheres representam apenas 29% dos cientistas - e isso tem um impacto real e direto na qualidade da pesquisa. Desde a criação do Prêmio Nobel em 1901, um total de 621 cientistas foram premiados por seus trabalhos em Física, Química ou Medicina, incluindo apenas 22 mulheres.
5 pesquisadoras laureadas pelo Prêmio Para Mulheres na Ciência Internacional já ganharam o Prêmio Nobel
Ainda assim, vale destacar que o Prêmio Nobel concedido à Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna eleva para cinco o número de laureadas do Programa Para Mulheres na Ciência Internacional que receberam esta distinção, após Christiane Nüsslein-Volhard (Prêmio Nobel de Medicina em 1995), Ada Yonath (Prêmio Nobel de Química em 2009), Elizabeth H. Blackburn (Prêmio Nobel de Medicina em 2009).
Todas elas participaram do Prêmio L'Oréal-UNESCO internacional que reconhece, anualmente, 5 cientistas, sendo uma de cada região do mundo (África e países Árabes, Ásia-Pacífico, Europa, América Latina e América do Norte). O intuito é contribuir para promover avanços da presença feminina na área da Ciência, onde as mulheres ainda são sub-representadas. Para isso, todas recebem uma bolsa-auxílio de 100 mil dólares usada para investirem em suas pesquisas.